Sim, pode ser embaraçoso abordar a disfunção sexual com um profissional de saúde. No entanto, a verdade é que estes problemas podem ter um grande impacto não só na qualidade de vida, mas também nos relacionamentos e no bem-estar da família. Falar com o neurologista e/ou enfermeiro da EM pode ajudar a perceber o melhor caminho para ultrapassar a disfunção sexual.
Gerir a disfunção sexual na mulher
Muitas mulheres que vivem com EM sentem problemas sexuais em algum momento da sua vida, quer seja devido à doença, a outros sintomas ou devido a algum medicamento.
O tratamento visa sobretudo reduzir a dor durante as relações sexuais, melhorar a sensibilidade ou a lubrificação. Se o problema for a falta de lubrificação, a utilização de um lubrificante pode ajudar: se utilizar preservativos prefira um lubrificante à base de água, caso contrário poderá também experimentar os lubrificantes à base de silicone.
Se sente que é mais difícil atingir um orgasmo, experimentem em conjunto fomentar a calma e paciência, dedicando mais tempo aos preliminares e explorando acessórios e fantasias.
Gerir a disfunção sexual no homem
O impacto da EM no homem depende muito das lesões provocadas pela EM no sistema nervoso central (SNC): enquanto a estimulação por pensamentos eróticos requer a troca de mensagens entre o cérebro e a medula espinal, a estimulação genital requer apenas a troca de informação com a medula espinal. Por isso, é possível que um homem consiga uma ereção por estimulação genital, mas não tenha os mesmos resultados através de pensamentos caso a comunicação entre o cérebro e a medula espinal esteja perturbada.
A disfunção erétil é comum um pouco por todo o mundo, mas sabe-se que afeta cerca de 70% dos homens que vivem com EM. Antes de mais é necessário perceber qual é a origem do problema: será de facto um dano provocado pela doença ou por outros sintomas? Será que está mesmo relacionado com a EM ou que pode ser um efeito secundário a um tratamento?
A disfunção erétil pode ser tratada recorrendo a certos medicamentos e/ou a psicoterapia.
Sugestões para melhorar a saúde sexual
• Deixe de lado pensamentos negativos: talvez sinta que a doença ou certos sintomas são pouco atrativos para a outra pessoa, mas parte destes pensamentos são apenas uma reação perante a adversidade: será que são realmente verdade?
• Não deixe de comunicar: é importante dialogar de uma forma construtiva para que ambos saibam exatamente como a EM está a afetar a relação sexual e porquê. Sente que é difícil falar? Experimente escrever o que sente e mostrar ao seu parceiro ou parceira.
• Dedique algum tempo a si mesmo: por vezes, a baixa autoestima pode conduzir ao desleixo, num círculo vicioso. Continue a fazer exercício físico, a manter uma alimentação cuidada e a deixar algum tempo para cuidar de si.
• Contacto físico: manter um contacto íntimo através de abraços e de massagens ajuda a cultivar a proximidade.
• Masturbação e acessórios: numa fase em que aquilo que funcionava parece ter deixado de surtir efeito, a experimentação pode ajudar o casal a libertar-se e a redescobrir o que funciona para os dois.
• Aproveite a energia: se o cansaço é um problema para a sua atividade sexual, tente perceber qual é a hora do dia em que se sente com mais energia. Pode ainda dar-se a si mesmo momentos de relaxamento e descanso antes e após a atividade sexual.
National Multiple Sclerosis Society.
1. MS Society. Sex and relationship problems. https://www.mssociety.org.uk/about-ms/signs-and-symptoms/sex-and-relationships/sex-and-relationship-problems
2. MS society. Living well with MS. Relationships. Intimacy. https://www.nationalmssociety.org/Living-Well-With-MS/Relationships/Intimacy
3. MS Society. Sexual problems affecting women. https://www.mssociety.org.uk/about-ms/signs-and-symptoms/sex-and-relationships/sexual-problems-affecting-women
4. MS Society. Sexual problems affecting men. https://www.mssociety.org.uk/about-ms/signs-and-symptoms/sex-and-relationships/sexual-problems-affecting-men