Quando a bainha de mielina é danificada as mensagens transmitidas entre o resto do corpo e o cérebro e a medula espinal ficam perturbadas. Além disso, os neurónios ficam disfuncionais e a mensagem transmitida é perturbada. A chamada remielinização, ou seja, a reposição da mielina na bainha que reveste os neurónios é hoje feita para que estes voltem a funcionar e não estejam tão expostos, ajudando-os a recuperar dos ataques anteriores do sistema imunitário.
Sabia que a partir do momento em que um neurónio é danificado não pode ser substituído? Por isso é que abrandar ou mesmo parar a progressão da EM é fundamental. Os tratamentos neuroprotetores estão, por isso mesmo, na ordem do dia. Várias estratégias aplicadas atualmente, visam estudar diferentes fármacos com esse efeito protetor, evitando assim que a doença se torne rapidamente incapacitante para o doente.
Uma cura fantástica para a esclerose múltipla, e onde encontrá-la
Na senda de toda esta investigação, podemos perguntar-nos: como seria a cura para a esclerose múltipla? Há atualmente 3 áreas a serem estudadas, que parecem ser bastante promissoras e podem mesmo alterar o curso da história da doença. São áreas de investigação que visam diferentes modelos de atuação.
Como já vimos, a cura para a esclerose múltipla pode mesmo sair desta ideia de proteger os neurónios contra a sua deterioração. Algumas terapêuticas atuais, por exemplo, já parecem estabilizar os níveis de progressão da doença. Mesmo que os doentes não melhorem, pelo menos a doença não evolui. Existem novas moléculas a serem estudadas com potencial neuroprotetor, mas há já o uso de outras moléculas mais antigas que podem ter esse potencial. Foca-se ainda na manutenção de células da glia saudáveis (células associadas aos neurónios que ajudam ao seu suporte e nutrição) e ao estímulo na produção de mielina por parte das mesmas.
Como sabemos, o cérebro e a rede de neurónios dos doentes com esclerose múltipla está mais “envelhecida”, por comparação com sua a idade real. O objetivo desta abordagem passa por melhorar a condição da pessoa com EM até a um nível em que a idade neuronal e cerebral corresponda ao número de anos de vida do doente. O potencial das células estaminais na recuperação das áreas lesionadas pode dar um grande impulso a essa intenção.
Uma ideia para um futuro mais longínquo é a da recuperação das alterações no sistema nervoso, quer aquelas que foram causadas pela EM, quer as causadas pelo normal envelhecimento. O sistema nervoso voltaria ao seu estado inicial perfeito. Para isso, é também importante que o sistema imunitário seja modulado para não atacar o próprio organismo, espoletando outra vez o ataque que causou o problema em primeira instância.
Ainda há um longo caminho a percorrer. Mas se houve uma coisa que a ciência sempre nos ensinou é a não subestimar o seu poder. E uma coisa é certa: nunca estivemos tão perto. Esta é, de facto, a altura mais promissora do estudo da esclerose múltipla e isso, já é muito.
1. National Multiple Sclerosis Society. Ending the Disease Forever: https://www.nationalmssociety.org/Research/Research-We-Fund/Ending-the-Disease-Forever
2. Healthline. How Close Are We to a Cure for Multiple Sclerosis?: https://www.healthline.com/health/multiple-sclerosis/new-research-treatments
3. MS Society. Is there a cure for MS?: https://www.mssociety.org.uk/about-ms/is-there-a-cure-for-ms
4. Multiple Sclerosis Trust. Cure for MS: https://www.mstrust.org.uk/a-z/cure-ms#what-would-a-cure-for-ms-look-like