A relação entre esclerose múltipla e depressão

A relação entre esclerose múltipla e depressão
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Sabia que existe uma relação entre depressão e esclerose múltipla (EM)? A depressão, nas suas várias formas, é um dos sintomas mais comuns da EM. Alguns estudos sugerem que a forma mais grave de depressão é mais frequente entre pessoas com EM do que na população em geral ou em pessoas com outras condições crónicas. 

Quando a depressão ocorre, há que avaliar, tratar cuidadosamente e abordar este sintoma da mesma forma que se abordam outros sintomas de EM. A depressão pode surgir em qualquer momento, não sendo necessariamente mais prevalente entre as pessoas com EM com maior incapacidade ou limitação. Existe, ainda, um grande estigma e receios relacionados com este distúrbio mental. Por isso, é importante que saiba que a depressão requer tratamento e não indica fraqueza de personalidade ou caráter. Pelo contrário, a depressão tem de ser avaliada e acompanhada, sendo necessário que fale sobre as suas emoções e sentimentos com a equipa de saúde que o segue. 

Fixe esta ideia: sem tratamento, a depressão reduz a sua qualidade de vida e faz com que outros sintomas da EM – como, por exemplo, a fadiga, a dor e as alterações cognitivas – possam piorar significativamente. 

Há muitos fatores que podem aumentar o risco de desenvolver depressão: 

•    Reação a uma situação difícil da vida ou stress. O próprio diagnóstico de EM pode desencadear um turbilhão de emoções, dúvidas, receios e incertezas originando, muitas vezes, períodos de depressão;
•    Os surtos podem também espoletar uma situação de alteração na função cognitiva, podendo levar à depressão; 
•    O próprio processo evolutivo da EM – com as lesões provocadas no sistema nervoso central (SNC) – pode envolver áreas do cérebro responsáveis pelo controlo emocional e, assim, resultar em mudanças comportamentais e alterações do humor;  
•    Alguns medicamentos podem desencadear ou agravar a depressão em indivíduos já com maior suscetibilidade para desenvolverem distúrbios de saúde mental. 

É importante estar atento a alguns sinais de alerta – tristeza, desinteresse geral, distúrbios do sono. Perante um diagnóstico de EM há uma tendência para concentrar a atenção na saúde física, negligenciando a saúde emocional. 

Tome atenção a estes dados e perceba por que razão é tão importante abordar as questões emocionais com o seu neurologista: 

•    Cerca de 25% a 50% das pessoas com EM desenvolve depressão em algum momento da sua vida; 
•    A depressão é mais comum nas pessoas com EM do que na população em geral ou em pessoas com outras condições crónicas de saúde; 
•    A depressão está associada a um aumento da gravidade dos sintomas da EM e a maior ocorrência de surtos; 
•    Em pessoas com EM (entre os 18 e os 45 anos) existe uma probabilidade de 25% de desenvolver uma forma de depressão no espaço de um ano; 
•    Aproximadamente 50% das pessoas com EM e depressão sofrem também de ansiedade;  
•    A depressão está sub-diagnosticada e sub-tratada. Há estudos que sugerem que ⅔ das pessoas com EM e depressão não estão a ser tratadas e que nas que estão medicadas com antidepressivos apenas 25% tomam a dose adequada desses medicamentos. 

Lidar com a depressão é difícil. Mas, tente pensar no seu bem-estar mental e geral e fazer coisas que podem ajudar como: 

•    Manter uma boa alimentação e fazer exercício físico diário; 
•    Evitar situações de reduzir o stress e aprender a relaxar. Vá passear, caminhar, tente exercícios respiratórios, meditação. Converse com os amigos, participe num grupo de apoio. Passe tempo com a família;
•    Reconhecer os seus sentimentos e emoções. Faça uma lista de coisas que lhe provocam stress ou angústia e aconselhe-se com a sua equipa de saúde.

Saiba mais sobre depressão e sobre sinais de alerta a que deve dar especial atenção: 

É crucial saber distinguir entre os diferentes estados de  espírito que todos vamos experimentando no dia a dia do que é a depressão, uma doença que requer tratamento. Por vezes, sentimo-nos mais em baixo, tristes e sem grande interesse para fazer o que quer que seja, mas essa sensação é passageira e acaba por se resolver por si só. Na depressão isso não acontece. Para que perceba a diferença entre os diferentes estados de espírito, há duas questões fundamentais que deve colocar a si próprio: 

1.    Nas últimas duas semanas, sentiu-se em baixo ou deprimido?
2.    Nas últimas duas semanas, teve pouco interesse ou prazer em fazer as coisas?

Agora pense bem na resposta e saiba que a depressão é persistente e incessante – com sintomas que duram pelo menos duas semanas e às vezes até vários meses. É uma condição séria, diagnosticada por um profissional de saúde, que se caracteriza por sintomas como:

•    Tristeza e/ou irritabilidade;
•    Perda de interesse ou prazer nas atividades diárias;
•    Perda de apetite ou aumento do apetite;
•    Distúrbios do sono - insónia ou sono excessivo;
•    Agitação ou lentidão no comportamento;
•    Fadiga;
•    Sentimentos de inutilidade, frustração ou culpa;
•    Problemas de memória ou de concentração;
•    Pensamentos persistentes de morte ou suicídio.

Se a resposta às duas questões acima é afirmativa e se identifica com alguns destes sintomas, pense seriamente em abordar o seu estado emocional na próxima consulta com o neurologista ou enfermeiro de EM. Pode ser depressão e se assim for, quanto mais depressa iniciar um tratamento, mais depressa poderá recuperar o seu controlo e bem-estar emocional.