Esclerose múltipla e disfunção erétil

Esclerose múltipla e disfunção erétil
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Os problemas de disfunção sexual são frequentes em quem vive com EM. Apesar de a disfunção erétil ser também comum nos homens que não têm a doença, sabe-se que cerca de metade dos homens que vivem com EM têm problemas de disfunção sexual. Mas antes de mais, vamos perceber o que é a disfunção erétil e porque acontece.

O que é a disfunção erétil?

A disfunção erétil é a incapacidade de alcançar ou manter a ereção durante as relações sexuais. Também chamada, por vezes, de impotência, é um sintoma de disfunção sexual comum nos homens que vivem com EM.

Porque acontece?

Nos homens que têm EM há múltiplas razões que podem estar na origem da disfunção erétil:

•    Lesões provocadas pela EM nos neurónios. A ereção, bem como outras respostas ao nível sexual, são desencadeadas por uma complexa interação entre mensagens que são transmitidas entre os neurónios e de e para os neurónios. Quando a EM provoca danos nos neurónios associados à resposta sexual podem haver problemas.

•    Outros sintomas da EM. Sintomas como a dor ou a dormência na área genital, bem como a depressão, a fadiga ou a dificuldade em manter a concentração, podem dificultar a resposta sexual. 

•    Problemas emocionais. Problemas associados à auto-confiança ou à imagem que tem de si mesmo com a doença podem fazer com que se sinta menos à vontade nas relações sexuais. 

Além destas possíveis causas, lembre-se de que há muitas outras que podem desencadear a disfunção erétil, sem que estejam diretamente relacionadas com a EM. São exemplos:

•    Envelhecimento;
•    Efeitos secundários de medicamentos para outras condições;
•    Consumir álcool e/ou ser fumador;
•    Ter obesidade ou excesso de peso.

Se tem problemas de disfunção erétil é, antes de mais, necessário identificar quais os fatores que estão a prejudicar a sua saúde sexual. Além de existirem tratamentos específicos para a disfunção erétil, as estratégias a adotar podem ainda passar pelo tratamento de outros sintomas ou pela mudança de hábitos de vida.

Saiba mais sobre como pode começar por abordar este problema e ainda quais os tratamentos disponíveis.

Antes de mais, para que possa ser feito algo em relação a um caso de disfunção erétil, é preciso que esteja disposto a falar sobre o assunto. Lembre-se: este é um problema também comum nos homens que não têm EM e há várias abordagens possíveis ao problema. Por isso, não deixe este assunto para depois. Procurar ajuda pode ser importante para que o assunto não seja um peso para a sua saúde emocional, para a sua relação com a família e para o seu bem-estar.

Se falar sobre o problema é difícil para si, comece por falar com alguém de confiança, com quem se sente confortável. Se, por outro lado, se sente mais confortável com o anonimato, procure uma linha de apoio anónima ou um profissional de saúde que o possa ajudar. 

Ainda que possa ser complicado dialogar com um parceiro, pode ser importante não só para lhe dar forças para iniciar um tratamento, bem como para lhe garantir que a origem do problema não está na relação. A probabilidade de um problema do foro sexual se resolver com sucesso é maior quando o parceiro está envolvido.

Dicas que o podem ajudar a falar com um profissional de saúde

•    Procure pensar nas palavras que melhor expressam as suas preocupações antes da conversa. Se não sabe que termos utilizar, pode sempre optar pelos termos biológicos e anatómicos que são a terminologia utilizada pelos próprios profissionais de saúde;

•    Se falar é mesmo difícil para si, porque não escreve uma lista com as várias preocupações que tem relacionadas com a EM, incluindo o problema de disfunção eréctil, entregando-o no momento da consulta;

•    Se tem sintomas relacionados com a bexiga ou com os intestinos, falar sobre esses problemas pode ser um ponto de partida para introduzir o tema da disfunção sexual. Afinal, estes sintomas estão muitas vezes relacionados com a disfunção sexual.

Dependendo da origem do problema podem-lhe ser sugeridas várias abordagens. Se a disfunção erétil surge como consequência das lesões provocadas pela EM é importante que tenha aconselhamento sobre como pode manter ou melhorar a estimulação sexual. Além disso, estão disponíveis estratégias que envolvem:

•    Medicamentos de toma oral;
•    Medicamentos injetáveis ou de administração local;
•    Dispositivos prostéticos.

Se, por outro lado, a disfunção erétil surge como uma consequência de outros sintomas da EM ou de medicamentos que toma, é preciso:

•    Avaliar se a disfunção erétil pode ser um efeito secundário de um medicamento e quais são as alternativas disponíveis;
•    Encontrar estratégias para gerir os sintomas, reduzindo o seu impacto na saúde sexual.

Se a disfunção erétil não está relacionada diretamente com a doença, mas com sensações pessoais por ela despertada – como a falta de confiança – ou está relacionada com hábitos e comportamentos é preciso:

•    Procurar aconselhamento e mais informação para lidar com os problemas;
•    Identificar quais os hábitos ou comportamentos a modificar.

1. Multiple Sclerosis Trust. Erectile dysfunction. https://www.mstrust.org.uk/a-z/erectile-dysfunction
2. Multiple Sclerosis Trust. Sexual problems for men with MS. https://www.mstrust.org.uk/a-z/sexual-problems-men-ms
3. Multiple Sclerosis Trust. Talking about sexual problems. https://www.mstrust.org.uk/a-z/talking-about-sexual-problems
4. National Multiple Sclerosis Society. Sexual problems. https://www.nationalmssociety.org/Symptoms-Diagnosis/MS-Symptoms/Sexual-Dysfunction
5. National Multiple Sclerosis Society. Sexual Dysfuntion Problems. https://www.nationalmssociety.org/For-Professionals/Clinical-Care/Managing-MS/Symptom-Management/Sexual-Dysfunction-Problems
6. National Multiple Sclerosis Society. Intimacy and Sexuality in MS. https://www.nationalmssociety.org/NationalMSSociety/media/MSNationalFiles/Brochures/12-3-40_brochure_Intimacy.pdf
7. Kessler et al., Sexual Dysfunction in Multiple Sclerosis. Expert Rev Neurother. 2009 Mar;9(3):341-50.