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Organizações italianas juntas na avaliação do impacto do coronavírus na esclerose múltipla
Para as pessoas com esclerose múltipla (EM), o novo coronavírus e a doença que provoca, a COVID-19, trazem preocupações adicionais. Afinal, não é a EM uma doença em que o sistema imunitário tem alterações que acabam por atacar as células do próprio corpo? E será que isso pode agravar a infeção pelo vírus?
Como é sabido, a Itália foi o primeiro país europeu a perceber, infelizmente, o duríssimo impacto que a COVID-19 pode ter na sociedade. Mas também, por isso, daí começam a surgir várias respostas que nos ajudam a todos a entender melhor o problema. Uma dessas respostas prende-se com a relação do mesmo com a EM.
Um grupo de trabalho constituído pelas Sociedade e Fundação Italianas de Esclerose Múltipla, em conjunto com o Grupo de Estudos para a doença da Sociedade de Neurologia italiana, montou um programa para estudar esta relação. O grupo de trabalho seguiu ainda um conjunto de recomendações de vários neurologistas que estão na linha da frente no combate à pandemia.
Os efeitos da COVID-19 na EM
Até agora, essa relação entre a COVID-19 e a EM ainda não é totalmente evidente. Bem como o efeito dos medicamentos mais utilizados na EM – em alguns dos casos não se sabe se conferem maior risco ou, por outro lado, maior proteção. Mas atenção! Nunca deixe de tomar a medicação e fale com o seu médico para esclarecer todas as questões.
Por outro lado, o impacto psicológico da pandemia na ansiedade e depressão, comuns também na EM, está também ainda por estudar e é crucial que seja avaliado.
O programa em curso estudou até agora 232 doentes, 57 dos quais testaram positivo para a COVID-19 e 175, apesar de terem sintomas suspeitos, o resultado laboratorial foi negativo. Os dados demonstram-nos que 96% dos doentes desenvolveu sintomas ligeiros de doença, sendo que apenas 3% desenvolveram uma condição crítica. Os números de mortalidade foram também concordantes com os números globais da doença – houve 5 doentes com desfecho fatal, todos referentes ao grupo que se encontrava em condição crítica. Assim, conclui-se que neste caso não pareceu existir uma ligação direta entre a doença e o novo coronavírus. No entanto, mais estudos são necessários para aferir esta ligação – e avaliar em concreto como é que as comorbilidades e sintomas associados à EM podem facilitar a infeção e, depois, claro, a sua gravidade e evolução.
Em processo está já um questionário online realizado pelo mesmo grupo que visa perceber as mais urgentes necessidades dos doentes com EM em tempo de pandemia, cujos resultados podem trazer novas preocupações que precisem de ser tidas em consideração.
Leia aqui a notícia original da conceituada The Lancet.